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Após cirurgia do presidente Lula, neurocirurgião paraibano explica como se forma o hematoma, riscos e tratamento

O neurocirurgião lembrou que a rapidez na identificação do problema é importante para a recuperação e que os hematomas podem não ser identificados em um primeiro exame porque acumulam sangue com o tempo e aumentam de tamanho.

Após cirurgia do presidente Lula, neurocirurgião paraibano explica como se forma o hematoma, riscos e tratamento
Após cirurgia do presidente Lula, neurocirurgião paraibano explica como se forma o hematoma, riscos e tratamento (Foto: Reprodução)

Após o presidente Lula ser internado com um hematoma na cabeça, o neurocirurgião paraibano Andrew Batista, gestor médico do Serviço de Neurocirurgia do Hospital Metropolitano de Santa Rita, explicou como ocorrem os hematomas no crânio. Em entrevista ao programa Arapuan Verdade (confira o vídeo ao final da matéria), nesta quarta-feira (11), o médico lembrou que a rapidez na identificação do problema é importante para a recuperação e que os hematomas podem não ser identificados em um primeiro

Hematoma no cérebro ou fora dele

O neurocirurgião pontua que um hematoma pode surgir no cérebro ou fora dele, mas ainda dentro do crânio, em membranas que revestem e protegem o cérebro.

exame porque acumulam sangue com o tempo e aumentam de tamanho.

“Primeiro , é importante identificar a localização desse hematoma. Dentro da cabeça, a gente pode ter sangramento em diferentes localizações. Isso pode acontecer dentro do próprio cérebro ou dentro do crânio, mas não dentro do cérebro. O nosso crânio tem, entre o cérebro e o osso, um conjunto de envoltórios para proteger o cérebro. Algumas vezes, o sangramento vai acontecer dentro do espaço do cérebro, e esse nós chamamos de hemorragia cerebral ou intracerebral, e existem hemorragias que acontecem fora do cérebro e ficam ali próximas dessas membranas”, explicou o neurocirurgião, como verificou o ClickPB.

Crescimento do hematoma

Andrew Batista destacou que, “no caso do presidente Lula, ele teve um sangramento pequeno, em outubro. Normalmente, a gente não consegue ver um hematoma grande na tomografia, quando é uma alteração muito pequena. E, com o tempo, vai aumentando porque forma-se um processo inflamatório e aquele volume do sangue vai aumentando com o passar do tempo. No caso dele, não foi dentro do cérebro, foi fora do cérebro e abaixo de um desses envoltórios que revestem o cérebro. A gente chama esse tipo de hematoma de subdural.”

“Por estar fora do cérebro, a gente fica mais tranquilo. Um dos fatores mais determinantes para o prognóstico, a forma como o paciente vai sair, é como ele chega ao hospital. Se o paciente chega com sintomas mais leves, muito provavelmente esse paciente vai sair melhor. Se o paciente chega em estado grave, a gente precisa entender que, em alguns casos, o paciente pode chegar em coma em função desse mesmo hematoma quando ele é muito volumoso ou demorou para tratar. Nesse caso, o prognóstico dele pode ser pior”, acrescentou.

Questionado se o importante para o presidente Lula foi a rapidez com que foi identificado e tratado o problema, o médico concordou: “sem dúvida.”

Procedimento

O presidente Lula passou pelo procedimento de trepanação. O médico explicou como funciona essa intervenção com furos no crânio para drenar o hematoma.

“É um procedimento cirúrgico em que fazemos furos no osso do crânio. A gente utiliza uma broca para criar um furo no osso e, através desse furo, a gente vai abrir essa membrana, que é a dura-máter, e o hematoma vai estar embaixo dessa membrana, então ele vai sair por esse furo. Nesse hematoma é possível porque, com o passar do tempo, ele fica bem líquido, então vai ficar fácil de sair por um buraco. É diferente de hematomas que são mais recentes, mais novos. Nesses casos, a gente faz uma craniotomia, tendo que fazer uma abertura maior no osso”, descreveu.

O neurocirurgião lembrou que Lula caiu e teve uma hemorragia por conta da queda.

“Normalmente, os pacientes vão fazer tomografia e, por exemplo, uma indicação de fazer tomografia no Hospital de Trauma de João Pessoa, mesmo sendo um traumatismo cranioencefálico leve, é ter idade acima de 65 anos. Fazendo uma tomografia, ele pode não ter alterações ou ter um hematoma muito pequeno que, inicialmente, pode não ter indicação cirúrgica, como a do presidente. Na ocasião, o presidente ficou em observação, em outubro, fez alguns pontos na cabeça e voltou à atividade porque o hematoma não estava provocando nenhum efeito nele”, relatou o médico paraibano.

Andrew Batista lembra que o crânio é um espaço fechado e rígido, por ser formado por osso, e que o hematoma acaba criando “um conteúdo que não existia ali”, por isso um dos sintomas é a dor de cabeça.

“Com o passar do tempo, esse hematoma vai gerar um efeito inflamatório e vai puxando líquido para dentro daquele espaço e vai aumentando de tamanho. Depende do quão grande ele está, vai determinar diferentes sintomas. Então imagina, a caixa craniana é fechada, rígida, já que é de osso, e o hematoma vai colocando um conteúdo que não existia ali. Então vai aumentando a pressão dentro da cabeça. Um dos sintomas possíveis é a dor de cabeça, que foi exatamente o sintoma do presidente que o levou ao hospital”, esclareceu.

O médico enfatizou que o corpo absorve o sangue do hematoma, mas o organismo de algumas pessoas tem dificuldade.

“Quando a gente sangra dentro da cabeça, o esperado é que aquilo seja absorvido pelo próprio corpo. Existem algumas situações em que, por questões anatômicas, como uma atrofia ou quem usa remédio para afinar o sangue, a tendência de puxar esse sangue e reabsorver no próprio corpo é menor. Uma pessoa de 25 anos, muito provavelmente, ela absorve esse sangue e fica tudo bem. Mas existem esses grupos de risco em que o hematoma pode crescer e vir a ser necessária uma cirurgia”, disse ele.

“Na dúvida, leve ao hospital. Em pacientes idosos, mesmo com trauma leve, o ideal é fazer tomografia porque é um grupo onde há risco de ter uma lesão mais grave”, alertou.

 

 

 

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